segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Vida

Foi como se quisesse apreender o grande silêncio com o topo da minha cabeça juntamente alinhado ao coração, e todo este volume de presença se tivesse deslocado até à ponta dos meus dedos. Foi como se a benção estivesse a atuar em perfeita harmonia com o intelecto que com ela não interagia, apenas passivamente, e assim sorria.

domingo, 11 de agosto de 2013

Somos os que deixamos

Sinto falta do cão, da irmã, da sala, do sofá e do quarto...que não eram meus mas me foram confiados como meus, partilhados. Nem me consigo expressar, nem exclamar, nem interrogar. As dúvidas não chegam a ser carregadas o suficiente para serem dúvidas e as certezas não se vinculam também o necessário para serem verdade; a verdade é que estou preso num espaço que queima por dentro e desfaz pedaços do coração. Sem ela, o chão não me segura tão bem como segurava. O futuro traz alguma excitação, o presente oprime-me e o passado traz um consolo que não consola.

Não sei se choras comigo, se o teu prazer é libertado ao mundo sem a vaga memória de mim mesmo presente na tua vontade de expelires cada emoção. Se depois da gargalhada, da conversa intelectual ou da lágrima que te deixou no canto do olho o final daquele filme, eu me reafirmo em ti como a identidade que outrora se uniu contigo e mesmo à distância sentia o que te ia na alma.

 O meu pensamento é condicionado por ti. E circulas activamente por mim. A ideia de ver outra criatura desejar-te e o sentimento ser recíproco desola-me. É a morte da ideia que construí no meu interior de nós os dois, desfeita pela superficialidade de uma líbido que não quer mais do que a sustém. É o rasgar frio e cortante da realidade competitiva do amor. O idealismo apreendido por camadas profundas do meu ser, corrompido.

domingo, 30 de junho de 2013

Vi

O que é a vida? O que são afectos? Demonstram eles a textura rica e são eles expressão física de algo tão metafisico como o amor?

Tem que haver uma ordem nisto tudo. Um processo inteligente que a nível celular nos faz sentir coisas tão belas como um todo, um organismo. Caminhamos para o bem, sei seguramente que estamos a melhorar, e melhoramos como seres sensíveis que somos. Independentemente de toda a maldade, crueldade e miséria no mundo, os actos que por amor se fazem são pura expressão do que em nós ferve enquanto seres.
Porque é que somos bons? Porque o pai foi bom e nos ensinou, e o avô o ensinou assim também e por aí diante...? Que desejo é este que entrou tão na moda de sermos melhores pessoas? É claro que virou competição, pois não estamos preparados ainda para a humildade que é partilhar capacidades individuas sem as manifestarmos deliberadamente de uma forma ousada à frente do outro. Donde vem este impulso? Que energia é esta que se afunila suavemente na subsolo que segura as nossas emoções? É tão enriquecedora. Só queremos o bem para nós, e depois alastra-se e de repente queremos paz para o mundo; e depois num próximo estágio começamos a irradiá-la. Choro, porque acredito que o que se faz por  Amor é algo brilhantemente psicopático. Não é nada de psicopata claro... Mas a capacidade de nos sacrificarmos (por vezes literalmente) em função de outro ser, não um objecto, mas um ser que respira, não tem palavras que a descrevam... É seguramente a prova de como existe semeada em nós e nos é também permeada e alturas chave um raio de energia criadora altamente inteligente que cruza em si mesma a mais bela consciência amorosa com o mais elaborado equilíbrio psicológico.

Vidro, transparência

Sou a mesma identidade de quando era puto. Serei sempre a figura de mim mesmo a contemplar-se através de um por-do-sol e uma música atmosférica a passar na rádio...

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Touching Height

I write whatever gets me high. Whatever gives me pleasure. It's like a piano player drawing lines of his dark but most moisture delicate thoughts. I find bliss in this. It is mainly my experience and no one else's. Life was never this beautifully real to me. Hello again and bye forever. Ciao.

sábado, 15 de junho de 2013

Heart.

"I feel the pain of everyone 
Then I feel nothing 
I feel the pain of everyone 
Then I feel nothing 

I feel the pain of everyone 
Then I feel nothing 
I feel the pain of everyone 
Then I feel nothing "

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Verte

Verte o fogo para os meus braços.
Veste a cama com a tua pele perfumada.
Repete depois de mim: Não há monstros.
Eles não conseguem tocar-te agora que estás dentro.

O toque é música e o sono é a alma a acordar.
Movemo-nos ao longo das margens que a casa do espírito nos está a espelhar.

Tirar tudo de mim e por na mesa-de-cabeceira
São estágios fundamentais.
Não ter de me provar ou argumentar, adulterar
O carinho despreocupado que te faz corar.

E algo no fim sobre o hedonismo pousa,
Um retrato pacífico da vida que fraccionou
Para subir aos céus.
Agora sim, vou ser teu.
Assim que me vi diante dos pés de mim mesmo. Equidistante.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

breed

my mind is circling around the same song for two whole days. day and night. it's a sad song, but in the end it leaves a happy note deep within...it's about a broken surface of fundamental feelings that are being shaken and carried away with the illusion of time. but there's a very special awareness that they are being blessed by something or something, somehow.

sábado, 11 de maio de 2013






Umas das fotos mais bonitas e simbólicas que tenho da minha infância. O meu avô a atar-me os sapatos para não cair, haverá melhor metáfora que se adapte ás circunstâncias da vida? Ainda sou esta criança não sou? Pois claro que sim, e se ele ainda estivesse vivo decerto que seria o seu netinho pequenino para proteger e guardar. Não nos fazemos homens e deixamos essa criança para trás, nunca...ela fica lá sempre bem guardada. Às vezes está muito só ou estragada, outras vezes reprimida ou desvitalizada. O meu avô era um pai. Às vezes era avô e outras vezes tinha alturas em que parecia estar a agir com o pai para mim e eu via-o como um ser abrasivo de coração-sabedoria - hoje chorei por ele, e foi tão bonito. O refinamento do teu sofrimento é um autêntico invocador de fé. Hoje, fui até ao cemitério, sem mesmo saber por onde ir e apeteceu-me a companhia de um amigo. Bastou chegar ao monumento físico em honra de sua memória e não me contive. É-me raro chorar compulsivamente. Muito raro, ainda do mais, quando é espontâneo, mas após o caminho todo a me conter...Libertei-me até aos céus. Das centenas de almas que estavam ali ao meu redor, eu estava ali apenas com ele, na companhia dele. Parecia estar dentro de uma casa feia do seu amor que me acolhia com palavras ternas e doces. Há coisas tão intensas. Liberto tudo o que há em mim para que chegue ao meu avô na forma mais pura e desinteressada de amor, sem dramas ou esquemas, sem desespero, sem filtros mentais; que venha de um coração puro e que chegue à morada imaterial que o constitui e o envolva de humildade, de um belo ser que ele conheceu nesta vida e que adorou a bela e curta aprendizagem que teve com uma alma educada e responsável. Amo-te.

domingo, 21 de abril de 2013

Louvado seja Ele que nos insuflou com ferocidade.

Beber do vinho e de Deus-Pai
Afogar-me de ti
Sol que enche
Um copo meio-cheio
Eu que ame o lado obsceno
Proclame o toque
A mais sagrada degustação
Em consideração
Pela tua pele
Eu que lance já o medo
Que este seja procurado
E possa descansar assim
Contigo deitado.


Hedonismo vs Ascetismo

Quem sabe estão ligados, de mão dada, estes dois estados de espírito andaram a esclarecer através de dilúvios de sensações o orvalho divino que é um ser humano.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Sound

A vida tem uma infinita quantidade de música disponível. É tipo um iCloud etéreo com infinitas variantes de melodias. O que os músicos fazem é beber um pouco dessa cantiga e manifestá-la fisicamente o mais fielmente que conseguirem...bem isso depois depende da qualidade e refinamento da percepção do artista.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Desencaminhar.

O ser humano que nasce face às adversidades do pensamento nunca consegue atingir metas auto-lineares redutoras de conciliações extensas e demoradas...Isto porque a substância que deriva dos diversos obstáculos acesos do debate íntimo e fulcral que é o diálogo reflectido do núcleo espelhado pelas palavras do reflexo recôndito divergem em contradição indolente e sofisticada. Às vezes sim, acontece, um laivo de números irrequietos deslocarem-se em espiral anestesiada em que sobe o carro à estação de tangerinas e espirra o controlo terrestre avariado. É complicado, mas por vezes acontece.

quinta-feira, 4 de abril de 2013


O homem que deixa a emoção fluir com toda a consciência focada em intensificar a mesma, sem que a direção da sua mente criativa toque intuitivamente no seu centro e perca o rasto puro; fiel à fonte. Sem hesitações quanto ao deixar sair laivos do negrume que nos fazem sentir. Anseia por libertação em cada verso proferido e assim se eleva em prece submissa. Respeita o processo criativo em toda a sua santidade. Sabe que o real não é aquilo que nos toca à superfície mas sim aquilo que se impregna indelevelmente nas entranhas. É dor que busca éter. É substância que aspira ser intima de si mesma

terça-feira, 19 de março de 2013



Perco-me com ela. Encontro-me com ela. A liberdade vem com um custo que vale totalmente a pena. Isn´t that right my lola?

domingo, 17 de março de 2013

candles

Magoam-me as pessoas que por estarem presas ao tempo, se deflagram pela erosão dos seus passados. Não quero saber se és ateu ou não, apenas me interessa se estás consciente ou não do líquido inflamável que te acende o sangue. Tomo por arrogância aquele que me fisga o olhar sem saber quem eu sou na realidade. O que causa mais impressão é a mente que especula fios de pensamentos e pensamentos e nada tem a dizer sobre o sentir. O sentir é talvez o objecto de estudo mais interessante a ser realizado pela mente cognitiva pois direciona-a para o coração, que é onde não temos andando a espreitar. E vejo tanta gente, jovem ainda por cima, a crescer com esta ideia que construíram no seu 'pseudo-altar de ser pragmático intelectual' de que é a monopolizar os outros que se atingem metas e objetivos pessoais. Estará em extinção o bom samaritano? Sempre existiram, essa é a verdade. Assim como haverão outros de mente fina capazes de distinguir o bem e mal de uma ação com destreza. Admiro a estética da filosofia que nos conduz a uma verdade através de argumentos persuasivos e sedutores, mas há um território ilícito para a filosofia sequer ousar entrar: o campo das sensações íntimas, dos sais que nutrem os poros da alma. Aí a persuasão é menos aflitiva, menos forçada e desesperante...É na verdade, tão suave como uma boa noite de sono. Não se induzem revelações 'á força' excepto se forem adiadas. O que tiver que vir, vem. Ver o mar dentro de nós a tecer paredes de calma e satisfação é uma dádiva que muitos já desfrutaram; e isto aconteceu num dia ou hora ao acaso, quase como um chamamento auto-convocado pelo observador ao objecto, onde os dois se fundem inexplicavelmente e se fazem um só.

Ando tão obcecado com a realidade que por vezes me quero ver livre dela. Demasiada realidade faz mal. Demasiada, isto é, daquela de pobre qualidade: que aspira a se tornar mais Real.

domingo, 20 de janeiro de 2013


Leve como o vento.

Rain from yourself. 'Til you are dry.

Ouvir Moby numa tarde chuvosa acalma-me os nervos de querer sair à rua e implorar pela aragem quente de verão. Faz-me realmente gostar do tempo e observar a beleza contida nele. A poesia das gotas que escorrem pelo vidro da janela é uma dialéctica táctil que diz aos sentidos para se sentarem no seu trono, no seu sítio alto donde contemplam a não-forma do pensamento amoroso. Céus, que dia chuvoso... Cada gota será um presente ao solo. São projécteis de seda quente que ao embater no tímpano combatem a solidão, gota a gota, ritmados pela inconsistência que os faz tão agradáveis ao coração.
Fazemos paraísos em qualquer terra barrenta, em qualquer solo pestilento e inóspito; todos temos o amor necessário para depositar nele e o fazer sagrado. A alegria corre em ti no momento em que apagas o ciúme de queres algo melhor numa outra parte de ti mesmo. O dia é cinzento, mas o solo é sagrado; não é mais o discurso do não-desejo do guru da esquina, é adaptar os contextos e significados de estados psicológicos que nos são subliminarmente impostos pelos ambientes que nos envolvem; a transformação dá-se na psique e é um tipo de hedonismo sofisticado, que realça a beleza daquilo que é infame, e o torna sublime. É ver a totalidade de um objecto que por momentos esteve sob a escuridão mas que agora se pode ver na sua total dimensão.

É bonito. É majestoso. Nós, da nossa espécie que retemos esta característica inata que nos entranharam no peito para formalizar no inconsciente do homem a condição colectiva de humano. Talvez sejam as infindáveis histórias de sacrifício e bondade que observámos em tenra idade. Já sabemos que podemos mudar as coisas com a mera mudança da direcção da abordagem de um problema. Vinculemos assim este dia como genial e energético.