Sinto falta do cão, da irmã, da sala, do sofá e do quarto...que não eram meus mas me foram confiados como meus, partilhados. Nem me consigo expressar, nem exclamar, nem interrogar. As dúvidas não chegam a ser carregadas o suficiente para serem dúvidas e as certezas não se vinculam também o necessário para serem verdade; a verdade é que estou preso num espaço que queima por dentro e desfaz pedaços do coração. Sem ela, o chão não me segura tão bem como segurava. O futuro traz alguma excitação, o presente oprime-me e o passado traz um consolo que não consola.
Não sei se choras comigo, se o teu prazer é libertado ao mundo sem a vaga memória de mim mesmo presente na tua vontade de expelires cada emoção. Se depois da gargalhada, da conversa intelectual ou da lágrima que te deixou no canto do olho o final daquele filme, eu me reafirmo em ti como a identidade que outrora se uniu contigo e mesmo à distância sentia o que te ia na alma.
O meu pensamento é condicionado por ti. E circulas activamente por mim. A ideia de ver outra criatura desejar-te e o sentimento ser recíproco desola-me. É a morte da ideia que construí no meu interior de nós os dois, desfeita pela superficialidade de uma líbido que não quer mais do que a sustém. É o rasgar frio e cortante da realidade competitiva do amor. O idealismo apreendido por camadas profundas do meu ser, corrompido.
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