Magoam-me as pessoas que por estarem presas ao tempo, se deflagram pela erosão dos seus passados. Não quero saber se és ateu ou não, apenas me interessa se estás consciente ou não do líquido inflamável que te acende o sangue. Tomo por arrogância aquele que me fisga o olhar sem saber quem eu sou na realidade. O que causa mais impressão é a mente que especula fios de pensamentos e pensamentos e nada tem a dizer sobre o sentir. O sentir é talvez o objecto de estudo mais interessante a ser realizado pela mente cognitiva pois direciona-a para o coração, que é onde não temos andando a espreitar. E vejo tanta gente, jovem ainda por cima, a crescer com esta ideia que construíram no seu 'pseudo-altar de ser pragmático intelectual' de que é a monopolizar os outros que se atingem metas e objetivos pessoais. Estará em extinção o bom samaritano? Sempre existiram, essa é a verdade. Assim como haverão outros de mente fina capazes de distinguir o bem e mal de uma ação com destreza. Admiro a estética da filosofia que nos conduz a uma verdade através de argumentos persuasivos e sedutores, mas há um território ilícito para a filosofia sequer ousar entrar: o campo das sensações íntimas, dos sais que nutrem os poros da alma. Aí a persuasão é menos aflitiva, menos forçada e desesperante...É na verdade, tão suave como uma boa noite de sono. Não se induzem revelações 'á força' excepto se forem adiadas. O que tiver que vir, vem. Ver o mar dentro de nós a tecer paredes de calma e satisfação é uma dádiva que muitos já desfrutaram; e isto aconteceu num dia ou hora ao acaso, quase como um chamamento auto-convocado pelo observador ao objecto, onde os dois se fundem inexplicavelmente e se fazem um só.
Ando tão obcecado com a realidade que por vezes me quero ver livre dela. Demasiada realidade faz mal. Demasiada, isto é, daquela de pobre qualidade: que aspira a se tornar mais Real.
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