domingo, 28 de outubro de 2012

O corpo das sensações que nascem com o tempo na antecâmara do ser vivo é o espaço sagrado do seu tempo, sua alma. O que é para mim real e palpável é para ti todo um caso diferente. Há o Real, sim. Independentemente de o reconheceres ao teu lado ou não, ele vive lá, no sítio dele. E depois tens em ti embebido, na tua própria realidade, um sopro de fogo; material das tuas suposições e pensamentos, agrestes e delicados. És um conjunto de conjuntos, alguns deles, tu organizaste. Desenhaste. Traçaste esboços e o projecto por vezes não saiu bem, mas contudo confias nele não é?


Escrever para mim no papel, faz-me sentir que sou pele, e tudo mais o que vive por baixo dela. Estar vivo e saber que se está vivo, estados de consciência tão diferentes...amplamente distintos. Estar vivo para mim significa saber que a minha existência está ciente de si mesma, e que o estou a fazer bem. E estar a fazê-lo bem é deixar correr nas minhas veias imateriais aquilo que me faz aproximar do Real, ou seja, das reais suposições que estabeleço a apontar para Ele. Onde é que está Ele? Na minha escrita, no meu olhar, na minha fala, nos meus movimentos. Nos meus pensamentos solenes que se difundem no céu estrelado em cadência flamejante. Uma história faz-de-conta que assenta sobre os meus desejos. Faço dela vida, e vida que é Vida é para ser vivida. O meu real é aquilo que decido fazer dele; ou mando-o fora ou acrescento-o, a escolha é minha.

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