domingo, 20 de janeiro de 2013


Leve como o vento.

Rain from yourself. 'Til you are dry.

Ouvir Moby numa tarde chuvosa acalma-me os nervos de querer sair à rua e implorar pela aragem quente de verão. Faz-me realmente gostar do tempo e observar a beleza contida nele. A poesia das gotas que escorrem pelo vidro da janela é uma dialéctica táctil que diz aos sentidos para se sentarem no seu trono, no seu sítio alto donde contemplam a não-forma do pensamento amoroso. Céus, que dia chuvoso... Cada gota será um presente ao solo. São projécteis de seda quente que ao embater no tímpano combatem a solidão, gota a gota, ritmados pela inconsistência que os faz tão agradáveis ao coração.
Fazemos paraísos em qualquer terra barrenta, em qualquer solo pestilento e inóspito; todos temos o amor necessário para depositar nele e o fazer sagrado. A alegria corre em ti no momento em que apagas o ciúme de queres algo melhor numa outra parte de ti mesmo. O dia é cinzento, mas o solo é sagrado; não é mais o discurso do não-desejo do guru da esquina, é adaptar os contextos e significados de estados psicológicos que nos são subliminarmente impostos pelos ambientes que nos envolvem; a transformação dá-se na psique e é um tipo de hedonismo sofisticado, que realça a beleza daquilo que é infame, e o torna sublime. É ver a totalidade de um objecto que por momentos esteve sob a escuridão mas que agora se pode ver na sua total dimensão.

É bonito. É majestoso. Nós, da nossa espécie que retemos esta característica inata que nos entranharam no peito para formalizar no inconsciente do homem a condição colectiva de humano. Talvez sejam as infindáveis histórias de sacrifício e bondade que observámos em tenra idade. Já sabemos que podemos mudar as coisas com a mera mudança da direcção da abordagem de um problema. Vinculemos assim este dia como genial e energético.